Não há registro na história de Sansão de seus companheiros ministeriais. O fato é que, ao que parece, Sansão foi capaz de matar mil inimigos, mas não foi capaz de fazer um amigo.

Infelizmente, alguns jovens ignoram a importância de companheiros ministeriais. Eles rejeitam o estilo de vida que Deus nos deu e decidem andar solitariamente. Sansão fez essa escolha. Durante todo seu ministério, não é visto e nem comentado sobre seus companheiros. Não se tem notícia de alguém que estivesse ao lado dele para lutarem juntos. Sansão lutava sozinho. Ele escolheu andar num estilo de vida diferente do estilo de Deus. Ele abriu mão de viver em comunidade para viver consigo.

Em sua vida solitária, não havia com quem Sansão pudesse ombrear os desafios de um ministério prevalecente; ele não tinha com quem compartilhar suas lutas nem suas tentações. Não havia ninguém para lhe falar verdades de maneira aberta e íntima.

Sansão não tinha comunhão com ninguém. Ele era o exército de um homem só. Lamentavelmente, Sansão foi construindo seu ministério de maneira isolada. Mesmo rodeado por muitas pessoas, ele não as permitia entrar em sua vida e, por isso, não se aprofundava nos relacionamentos. Ao contrário de Sansão, precisamos entender que a vida de Deus, na comunidade dos santos, flui pelo Espírito Santo e sopra para que sejamos um.

A nossa célula, por exemplo, não é um lugar onde um grupo de pessoas se reúne para que, individualmente, cada um louve a Deus; mas é um espaço para vivermos como família, experimentando a plenitude de uma unidade de pensamentos e de propósito. Quando estamos sozinhos em nosso ministério, corremos o risco de entrarmos em confusão. Jesus teve um propósito claro e definido ao enviar seus discípulos de dois em dois, como também, o Es­pírito Santo foi preciso ao separar Saulo e Barnabé para a obra que lhes havia confiado.

Se Sansão tivesse um companheiro cheio do Espírito e uma aliança de companheirismo, sua história poderia ter sido outra. Um companheiro e a compreensão de sua importância poderiam tê-lo impedido da loucura de se casar com uma filisteia; um companheiro o exortaria de suas caminhadas pelas vinhas de Timna; um companheiro o impediria de se aproximar da carcaça do leão. Quando permitimos que a vida de Deus nos estabeleça em alianças no Senhor, somos mais seguramente guardados do mal. Teremos uma vida em família de forma que viveremos em um ambiente de proteção.

A Palavra de Deus nos exorta que o diabo é como um leão; ele anda em derredor buscando alguém para tragar. Isso significa que sua artimanha é semelhante à de um leão comum. Ele usa a estratégia de um ataque que tem como alvo achar os que estão fora do rebanho. Como sabemos, os leões quando caçam jamais ousam atacar um grupo de animais. Eles ficam à espreita, aguardando o momento oportuno em que um dos animais siga um caminho diferente do trilhado pelo rebanho e, então, atacam com todas as forças.

O mundo espiritual é equivalente. O diabo não consegue atacar o corpo de Cristo que está edificado e unido, pois esse corpo tem autoridade para pisar a sua cabeça; ele é capaz de prevalecer contra as portas do inferno. Contudo, um único cristão, separado da comunhão do corpo, será uma presa fácil para Satanás. Sozinho, ele não é corpo propriamente dito e, portanto, torna-se altamente vulnerável ao ataque de Satanás.

Sansão vivia entre o povo de Deus, entretanto, não se permitia ter laços de aliança com eles. Mesmo tendo a oportunidade de andar com companhia dos outros, Sansão decidiu andar sozinho, separado da comunhão. Sua decisão foi errada.

Viver em comunidade e, ao mesmo tempo, viver de maneira independente é arriscado demais para um filho de Deus. Viver em uma célula ou em uma comunidade e, ainda assim, cultivar o individualismo é se colocar em apuros. É uma questão de tempo, mas é certo que o inimigo conseguirá vantagem em alguma área de nossas vidas.

Em nossa jornada ministerial, precisamos de companheiros para nos avisar de perigos, como Jônatas avisou Davi; precisamos de companheiros para entrarem conosco na fornalha de fogo ardente, como fizeram os jovens Sadraque, Mesaque e Abdenego; precisamos de companheiros para adoramos juntos em meio às lutas e perseguições, como aconteceu com Paulo e Silas nos tempos de suas prisões; precisamos de companheiros que nos acompanharão nas viagens missionárias, como foram Pedro e João ao irem à Samaria. Viver a realidade de uma vida compartilhada é indispensável se quisermos prevalecer firmes e inabaláveis em nossa carreira cristã.

Precisamos sem delongas avaliar se vivemos uma vida em comunidade ou se estamos alienados e distantes dessa vida. Vivemos a vida de companheirismo com nossos irmãos de célula? Temos vínculos de aliança na igreja? Existem pessoas nas quais temos compartilhado nossas dificuldades, tentações, lutas e pecados? Existem pessoas que podem nos exortar de maneira radical? Temos pessoas com as quais podemos abrir nosso coração?

Não podemos viver uma vida de comunidade sem a presença de companheirismo e de aliança. Devemos voltar para a essência da vida abundante que Deus nos oferece, entregando-nos ao processo da vida de Deus em nos ligar aos irmãos. Como filhos de Deus, nascidos na família de Deus, não precisamos batalhar nossas guerras sozinhos. Em Eclesiastes 4:9-10, diz:

Melhor serem dois do que um, […] porque, se um cair, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só; pois, caindo, não haverá outro que o levante. (Eclesiastes 4:9-10)

Como exército, a igreja tem um chamado de suportar uns aos outros, auxiliando cada um dos filhos do Senhor. Que nesses dias possamos nos levantar do lugar da solidão para andarmos em comunhão e transparência com nossos irmãos. Chegou o tempo de quebrar o jugo do individualismo para assumirmos o estilo de vida em que o próprio Deus vive; assim, seremos invencíveis e, definitivamente, inabaláveis.

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