Por que contribuímos? Gostaria de mencionar sete níveis de investimento no reino de Deus. Vou mencioná-los na ordem crescente de relevância, porque em um nível ou em outro todos nós nos enquadramos. Mas o alvo de Deus é que você chegue ao nível mais alto de ofertante. Então, quais são os níveis?
1. Restituição
Este é o nível mais básico de contribuição. Nesse nível, nós simplesmente devolvemos aquilo que não era nosso de fato. Um exemplo é Zaqueu, que resolveu restituir a qualquer um que ele tivesse defraudado (Lc 19.8-9).
Outro exemplo é o dízimo. Aquele que dá o dízimo não deu coisa alguma, apenas devolveu o que é de Deus. Se não devolvemos o dízimo, somos tidos como ladrões, porque tomamos para nós o que deveria ter sido devolvido a Deus (Ml 3.8-12). O problema dos que ficam nesse nível de contribuição é que eles sempre contribuem por medo, e não por amor. Nossa dádiva deve ser uma expressão de amor ao Senhor.
2. Por dever ou voto
Três vezes no ano, todo varão entre ti aparecerá perante o SENHOR, teu Deus, no lugar que escolher, na Festa dos Pães Asmos, e na Festa das Semanas, e na Festa dos Tabernáculos; porém não aparecerá de mãos vazias perante o SENHOR; cada um oferecerá na proporção em que possa dar, segundo a bênção que o SENHOR, seu Deus, lhe houver concedido. (Dt 16.16-17)
Há quem contribua por obrigação. É verdade que a Bíblia ensina que a contribuição financeira é um dever de todo cristão. O Senhor disse que ninguém deveria comparecer diante d’Ele de mãos vazias. Se não temos voluntariedade, é necessário que façamos ao menos por obrigação e obediência. Os discípulos deveriam não apenas dar o dízimo, mas ir além, doar medida maior, excedendo em justiça. Os religiosos doam 10%; os discípulos abrem mão de tudo, pois creem que não apenas o dízimo pertence a Deus, mas tudo quanto possuem, isto é, eles não possuem, apenas administram.
3. Semeadura
E isto afirmo: aquele que semeia pouco pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará. (2Co 9.6)
A Palavra de Deus diz claramente que a nossa oferta é uma semeadura. O semeador oferta esperando receber uma colheita maior. Não há nada de errado em ver a oferta como semente, mas este é um nível básico de contribuição, porque coloca o doador no centro. Ele está preocupado com o benefício próprio, doa imaginando ter lucro na transação. É fato que quem muito semeia muito colhe. Mas deveríamos avançar para níveis mais elevados, que expressam a nossa realidade espiritual.
4. Gratidão
Que darei ao SENHOR por todos os seus benefícios para comigo? (Sl 116.12)
Enquanto aquele que semeia dá pensando no que vai colher ou receber de volta, aquele que dá por gratidão o faz porque já recebeu. Este é um nível mais alto de oferta. Eles reconhecem que têm recebido tanto de Deus que devem retribuir contribuindo de alguma maneira. A limitação desse nível de oferta é o risco de doarem apenas enquanto têm ou apenas enquanto percebem a bênção. A gratidão é uma motivação legítima, mas ainda não é a motivação mais profunda para a contribuição financeira.
5. Por uma causa ou compromisso
Aconteceu, depois disto, que andava Jesus de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus, e os doze iam com ele, e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios; e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Suzana e muitas outras, as quais lhe prestavam assistência com os seus bens. (Lc 8.1-3)
Há aqueles que contribuem semeando, esperando colher, e há outros mais profundos que contribuem porque reconhecem que já receberam de Deus, mas existem também os que contribuem em razão de seu compromisso com a causa do evangelho, com a visão da igreja, e querem colocar o seu dinheiro em algo significativo. Este é um nível superior de contribuição, porque retrata o nosso compromisso como discípulos. Quem diz que acredita em alguma coisa, mas não mete a mão no bolso, no fundo, não acredita. Entretanto, não são apenas os cristãos que patrocinam aquilo em que acreditam, por isso precisamos avançar para níveis maiores e excelentes de contribuição. Muitos são os que doam por compaixão. Não conseguem não se identificar com o sofrimento alheio, sentem a dor do próximo como se fosse a sua própria. O seu coração se comove e as suas mãos se apressam em serviço. A compaixão mobiliza, exige ação prática. Isso é bom, mas ainda não é fim, há algo mais profundo.
6. Generosidade
A alma generosa prosperará, e quem dá a beber será dessedentado. (Pv 11.25)
Poucos contribuem por generosidade, fazendo o bem sem ver a quem. Doam porque não vivem para acumular ou entesourar para si mesmos. Não querem saber se o destinatário da doação é merecedor de ajuda. Eles doam porque doar faz parte da sua natureza. Simplesmente são generosos. O novo nascimento gera esse tipo de gente.
A generosidade é a virtude que transcende a justiça. É a virtude que mais se aproxima da graça de Deus. Justiça é dar a cada um o que lhe é de direito, mas generosidade é doar pelo prazer de compartilhar e ver a alegria no outro. Aquele que dá por dever e obrigação dá a César o que é de César, mas o generoso dá a Deus o que é de Deus.
O generoso é aquele que possui, mas não é possuído. Todo generoso nos constrange, pois sempre recebemos dele além do que merecemos e mais constrangedor se torna porque ele próprio demonstra como gostaria de ser tratado. O generoso nos força amorosamente à generosidade. O generoso ama com o amor de Cristo, inclusive às custas do seu próprio sacrifício. Não há mérito em ser generoso com os filhos, já que a felicidade dos filhos é a felicidade dos pais. A verdadeira generosidade se destina ao outro, ao estranho e mesmo ao inimigo.
Que porcentagem de sua renda você consagra a ofertas que se possam chamar de generosidade? Em outras palavras, para proporcionar vida e felicidade a outros? Alguns se dizem generosos porque têm o coração mais aberto do que a carteira. Se a carteira não se abriu, é porque o coração está lacrado. Quando damos, constatamos que já estamos livres de ser possuídos por mamon. Para quem é livre, dar não é obrigação nem responsabilidade. Para quem é livre, dar é amor. É possível dar sem amar, mas é impossível amar sem dar.
7. Adoração
Honra ao SENHOR com os teus bens e com as primícias de toda a tua renda; e se encherão fartamente os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares. (Pv 3.9-10)
Finalmente, há os que contribuem como expressão de adoração, algo que visa apenas e tão somente à glória de Deus. Financiam causas, são gratos e semeiam, tratam suas posses como dádivas e com elas são gratos e generosos, mas, na verdade, contribuem porque amam a Deus e desejam que as pessoas transbordem em gratidão e louvor a Deus. Contribuir é adorar. Verdadeiros adoradores doam livremente. As Escrituras nos mandam honrar a Deus com os bens e com as primícias de nossa renda. Honrar é adorar.